Post publicado no site UolEducação que aborda como a criatividade das crianças podem ser estimulados para que as mesmas se tornem adultos criativos.
“Uma pessoa criativa
não é uma pessoal normal com algo que se adicionou a ela, mas uma
pessoa normal sem que nada tenha sido tirado dela”.
“É um erro os pais prestigiarem tanto o
desenvolvimento racional de seus filhos quando crianças? Não. Porém, é
preciso tomar cuidado com a unilateralidade da estimulação. O lado
racional sozinho não se sustenta, se não tiver por fundamento as funções
sensoriais e se não tiver sido integrado às vivências emocionais”.
A mente é uma entidade construída
lentamente na evolução. Ela emerge da atividade do cérebro, cujas
estruturas e funções são formadas diretamente pela experiência das
relações interpessoais. Dessa forma, é na relação com as pessoas que
cuidam dela que a criança desenvolve sua mente, da maneira mais
individual possível.
Na nossa cultura ocidental, desde
crianças somos estimulados a desenvolver mais nossas funções racionais
que nossas funções sensoriais. Incentiva-se mais o processamento dos
estímulos cognitivos e menos o processamento dos estímulos emocionais. A
ética coletiva do certo e errado predomina sobre a ética individual do
“que faz bem para mim e do que não faz bem para mim”.
Desde bem cedo, o pensamento lógico e
racional é treinado, assim como sua manifestação mediante à capacidade
precisa da linguagem. Quando uma criança, por exemplo, acerta a soma,
subtração, multiplicação ou divisão, ela recebe aplausos de pais e
professores. O fato é que há certa naturalidade em prestigiamos mais as
habilidades racionais da criança do que as habilidades que estão em
outros campos, pois durante a vida, acredita-se, serão essas as
habilidades mais necessárias.
Surge uma pergunta: É um erro os pais
prestigiarem tanto o desenvolvimento racional de seus filhos quando
crianças? Não. Porém, é preciso tomar cuidado com a unilateralidade da
estimulação. O lado racional sozinho não se sustenta, se não tiver por
fundamento as funções sensoriais e se não tiver sido integrado às
vivências emocionais.
A construção do conhecimento de si
mesmo e do mundo é algo muito complexo. O bebê nasce pronto para
aprender com os outros seres humanos. Sua primeira forma de aprender é o
brincar. A atividade exploratória e funcional dos primeiros meses de
vida evolui rapidamente para a atividade da imaginação, a qual abrange e
impregna toda a vida da criança. Essa é a origem da manifestação do
potencial criativo do ser humano. Potencial criativo que pode e deve ser
atualizado ao longo de toda a vida.
Viver mais no mundo das imagens que no
mundo das ideias, ficar imersa no faz-de-conta, dá à criança um lastro
de vivências de coragem, ousadia, otimismo e idealismo. Crescendo, por
meio do brincar fantasioso, a criança treina competências, lida com o
passado, enfrenta o presente e se prepara para o futuro.
Até cinco anos, fantasia e realidade não
têm fronteiras muito nítidas. Desejos se confundem com fatos. O
treinamento das funções lógicas, racionais surgem como um fator
importante para ajudar a necessária separação entre a fantasia e a
realidade. Entretanto, ele não pode abolir a fantasia, a função da
imaginação, pois isso seria abolir a base da criatividade.
Crianças precisam de limites, regras,
normas e disciplina e precisam saber o que é certo e errado, pois só
assim se tornarão seres civilizados e diferenciados. Mas, não pode ser
retirado delas o desejo inalienável de brincar e imaginar e a
possibilidade de crescer como seres criativos.
A criança bem jovem é o super-homem.
Mais tarde, ela brinca de ser o super-homem. São situações bem
diferentes, mas as duas deixam rasgos de memória indeléveis na mente.
Para o ser humano crescer e se estruturar, ele precisa separar realidade
de fantasia, mas a função da imaginação permanece como a ponte possível
e desejável entre essas duas dimensões, permitindo sempre o acesso à
fonte da criatividade.
Existem pais que treinam e reforçam o
aprendizado racional de seus filhos, mas que também estimulam as
habilidade da imaginação deles. São pais que apreciam brincar e
fantasiar com seus filhos. Provavelmente são adultos que mantiveram viva
dentro de si, o que Carl Gustav Jung chama de “eterna criança”.
A “eterna criança” é um símbolo que une
opostos, é o que torna o homem íntegro, saudável, é o símbolo do novo,
do desenvolvimento criativo. Representa a mais forte e a mais inelutável
necessidade em cada ser, a necessidade para realizar-se a si mesmo.
Manter o contato com a criança dentro de si,é uma prerrogativa divina,
pois facilita o próprio crescimento e o acompanhar do crescimento dos
filhos. Pais criativos criam crianças criativas.
Vale, finalmente, lembrar que ser
criativo não é o resultado de uma série de habilidades que foram sendo
incutidas durante a vida. Ao contrário, ser criativo é o resultado de
não ser suprimido de uma série de potencialidades que se nasceu com
elas.
Fonte: uoleducação
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