Se seu filho está no Ensino Fundamental e não consegue fazer aquele
traçado redondinho e perfeito das letras, não se alarme: ter letra
bonita não é o essencial. Segundo os especialistas no assunto, a questão
principal não é a beleza da letra. O importante é ajudá-lo a se
exercitar para ter uma letra legível, para que ele possa efetivamente se
comunicar por meio da escrita. "O cuidado precisa ser em ajudar a
criança a ter uma letra legível, que possa ser compreendida por
diferentes leitores, dentro e fora da sala de aula", diz Andrea Luize,
coordenadora de núcleos de alfabetização da Escola da Vila, de São
Paulo.
Uma letra legível se conquista com a prática, ressalta a
neurocientista Elvira Souza Lima. "A letra da criança precisa ser
compreensível para que ela
e os outros leiam. E isso só se consegue com treino. A criança que
desenha muito dos 3 aos 6 anos geralmente consegue educar melhor o
movimento", afirma Elvira, que é doutora em Ciências da Educação pela
Universidade de Sorbonne, em Paris.
Além de desenhar, exercícios
de traçado e cópias de texto também ajudam a desenvolver os movimentos
da mão. E para quem acha que a letra cursiva está ultrapassada por causa
do uso cada vez mais freqüente da digitação e do computador, vale
explicar: esse tipo de letra tem funções que vão além da comunicação
escrita. A letra cursiva ajuda a criança a entender a divisão entre as
palavras, a exercitar a memória e também a desenvolver habilidades para
outras atividades, como o desenho de mapas e de gráficos. Veja abaixo
algumas das principais dúvidas sobre o assunto e as respostas das
especialistas:
"Poucas crianças têm efetivamente comprometimentos na área motora", diz a
neurocientista Elvira Souza Lima. E, geralmente, essa dificuldade se
resolve com o treino. De acordo com Andrea Luize, coordenadora de
núcleos de alfabetização da Escola da Vila, quando uma criança apresenta
problemas de ordem motora, isso não se manifesta somente no traçado da
letra cursiva, mas em outras situações que exijam o mesmo tipo de
habilidade, ou seja, que requeiram a coordenação motora fina. A
coordenação motora fina é aquela que exige domínio dos músculos menores
do corpo, como os dos pés e mãos, para atividades como desenhar, pintar e
recortar papéis.
Fazer juízo de valor - determinando se uma letra é "bonita" ou "feia" -
pode prejudicar o processo de aprendizagem, segundo Andrea Luize,
coordenadora de núcleos de alfabetização da Escola da Vila. "Não dá para
deixar que um tipo de letra traga sofrimento para a criança, que baixe
sua auto-estima", diz ela. Andrea também ressalta que o tipo de letra de
cada criança revela suas marcas pessoais: "Há crianças que investem no
traçado, cuidam de escrever "bonito". Há os que o fazem mais
apressadamente e que acabam descuidando um pouquinho do traçado. Enfim,
existem muitas explicações para as diferentes marcas de traçado".
"A partir do momento em que dominam o traçado e escrevem com fluência e
legibilidade, as crianças podem optar pela letra mais confortável, assim
como fazem os adultos que, inclusive, mesclam tipos de letras em suas
escritas", diz Andrea Luize, coordenadora de núcleos de alfabetização da
Escola da Vila.
Segundo a neurocientista Elvira Souza Lima, os cadernos de caligrafia
estão em desuso no Brasil, mas não em outros países. "O caderno ajuda a
desenvolver a noção de organização espacial", diz ela, que defende
também que tanto a letra bastão quanto a letra cursiva sejam ensinadas a
partir dos sete anos de idade. "Aos seis ainda é tolerável, mas com
menos de 5 anos, não", diz ela. Antes dos cinco anos, o que as crianças
devem é desenhar livremente.
Já Andrea Luize, coordenadora de núcleos de alfabetização da Escola da Vila, diz que há outros materiais além do caderno de caligrafia para exercitar o traçado. "Na Escola da Vila usamos um material estruturado, um caderno elaborado por nós com propostas bem diversificadas para esse treino, inclusive para que não se torne enfadonho", explica ela, acrescentando que nesse material há exercícios não só para treinar o desenho de cada letra, mas para copiar trechos de poemas, de canções, dar respostas para adivinhas, etc. "Nesse sentido, somente uma ressalva: o traçado da letra nunca pode ser um obstáculo na produção de textos. As crianças já têm problemas demais ao reescrever um conto, produzir um texto informativo, etc. A letra cursiva não pode ser mais um desafio, que é o que ocorre quando as crianças ainda estão aprendendo a traçá-la e não o fazem com fluência, com agilidade".
Já Andrea Luize, coordenadora de núcleos de alfabetização da Escola da Vila, diz que há outros materiais além do caderno de caligrafia para exercitar o traçado. "Na Escola da Vila usamos um material estruturado, um caderno elaborado por nós com propostas bem diversificadas para esse treino, inclusive para que não se torne enfadonho", explica ela, acrescentando que nesse material há exercícios não só para treinar o desenho de cada letra, mas para copiar trechos de poemas, de canções, dar respostas para adivinhas, etc. "Nesse sentido, somente uma ressalva: o traçado da letra nunca pode ser um obstáculo na produção de textos. As crianças já têm problemas demais ao reescrever um conto, produzir um texto informativo, etc. A letra cursiva não pode ser mais um desafio, que é o que ocorre quando as crianças ainda estão aprendendo a traçá-la e não o fazem com fluência, com agilidade".
"Socialmente, ainda é um tipo de letra valorizado e bastante usado. Por
isso, é importante que as crianças o dominem, que dêem conta de se
comunicar com os outros usando essa letra. Do ponto de vista didático, o
uso da cursiva pode ajudar as crianças a refletir sobre a necessária
segmentação entre as palavras e sobre a própria ideia de palavra", diz
Andrea Luize, coordenadora de núcleos de alfabetização da Escola da
Vila. A neurocientista Elvira Souza Lima concorda. Segundo ela, a letra
cursiva é importante para a educação do movimento e seu exercício ajuda o
aluno a desenvolver habilidades que serão usadas em outras atividades
além da escrita, como o desenho de mapas. É um exercício que também
ajuda a criança a dar suporte à memória, a entender significados. "É
muito mais do que simplesmente fazer a letra cursiva", diz ela.
"A escrita é uma manifestação gráfica da pessoa, traz em si sua
identidade", explica a neurocientista Elvira Souza Lima. "Há sempre uma
pessoa por trás de um texto escrito. Por isso é tão importante
apresentar as várias formas de escrita. Depois a pessoa escolhe pela que
melhor lhe convier", diz ela.
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