"A gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer
daquele que o faz", já dizia sabiamente o escritor Machado de Assis no
conto Almas Agradecidas, na Série Bom Livro (Ed. Ática). Estudos mostram
que após a pessoa promover uma atitude solidária, o cérebro libera a
substância endorfina, provocando sensação de felicidade.
De norte a
sul do país são inúmeros os projetos criados por professores visando ao
bem-estar do próximo. "Pesquisas recentes revelam a importância de
valores como a solidariedade serem trabalhados nas escolas e o quanto é
essencial para as crianças praticá-los desde pequeninas", diz Luciene
Tognetta, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral
da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Segundo a educadora, o
conceito de solidariedade nas escolas é construído por meio do convívio
social, dia após dia, pois é no cotidiano que as crianças desenvolvem
as virtudes. "Por exemplo, quando há conflito entre dois alunos, o
professor deve promover o diálogo entre eles: ao se expressarem e
dizerem o que os incomoda eles aprendem a olhar o outro com
generosidade", explica Luciene.
Mas a família também tem papel
fundamental na construção desse caráter. "É preciso que a criança sinta a
união de pais e irmãos e os vejam praticando a solidariedade entre eles
mesmos", comenta o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman (SP).
Fisiologicamente, fazer o bem é muito saudável:
estudo realizado pela Universidade de Harvard (EUA), com cerca de 2700
pessoas, apontou que ser solidário e praticar algum trabalho voluntário é
benéfico ao coração e ao sistema imunológico, além de aumentar a
expectativa de vida.
Muito trabalho a fazer
Apesar
de muitos brasileiros serem solidários e não medirem esforços para
ajudar o próximo, ainda estamos caminhando muito devagar nesse sentido.
Uma pesquisa recente realizada pela Charities Aid Foundation
(instituição de caridade do Reino Unido) e o Instituto Gallup, em 153
países do mundo, avaliou que o Brasil ocupa a 76ª posição no ranking
mundial de caridade. Somos menos solidários que a média da população
mundial! Os países mais altruístas são Austrália, Nova Zelândia, Canadá,
Irlanda e Suíça. Está aí um bom motivo para desenvolvermos a
solidariedade desde a infância.
Veja como incentivar a solidariedade do seu filho:
- Ensine a compartilhar
- As crianças estão discutindo por um brinquedo? Simplesmente tire-o delas e diga que você só o devolverá quando elas entenderem que devem brincar juntas ou aprender a emprestar. "Para não ter dor de cabeça, muitos pais preferem resolver o problema comprando um brinquedo igual para cada filho, reforçando o individualismo e gerando o egoísmo. O distanciamento das pessoas faz com que elas nunca enxerguem as necessidades do outro", diz o psiquiatra Içami Tiba (SP).
- Encoraje as iniciativas solidárias
- Caso a escola esteja promovendo alguma ação solidária, estimule seu filho a participar. Melhor: pai e mãe devem se informar sobre o projeto e verificar como podem colaborar efetivamente. "Contribuir apenas com dinheiro é algo muito cômodo, preguiçoso. É importante que os pais expliquem para as crianças o significado de vestir a camisa, se engajar", avisa Fátima Balthazar, arte-educadora e assessora pedagógica especialista em valores humanos (SP). Acima de tudo, mostre que devemos fazer o bem incondicionalmente, sem esperar nada em troca.
- Não trabalhe pela criança
- A sua não colaboração pode acontecer numa situação simples, como não ajudá-lo a arrumar a bagunça dos brinquedos. É importante que o pequeno entenda que cooperar com a mãe e o pai para manter a casa em ordem é ser solidário. Ensine que cada um deve dar o melhor de si para o outro e que quando a gente se ajuda todo mundo sai ganhando.
- Evite comparações
- Se você tem um filho solidário e o outro não, respeite o jeito de agir de cada um e trabalhe para mudar o cenário. Observe com atenção o cotidiano da criança menos solidária e, ao perceber qualquer atitude generosa dela, elogie e a faça entender que aquilo é solidariedade. Mostre o quanto a outra parte ficou feliz e o bem-estar que ela própria acabou sentindo. Incentive-a a agir mais assim.
- Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br
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